AEPGA

 

Entre o mundo vertical das arribas e ondulantes searas douradas, o Planalto Mirandês estende-se pelos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e parte de Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo, num admirável mosaico de paisagens. Outeiros coroados por bosques de azinheiras e carvalhos, lameiros bordejados de freixos, rios em vales encaixados de enorme riqueza biológica, são habitat preferencial de aves majestosas como o grifo, o abutre-do-Egito, a águia-real e a ameaçada água-de-Bonelli, assim como de mamíferos como lontras, corços e raposas. Num raro equilíbrio que teima em manter-se ao longo dos tempo, as paisagens humanizadas integram-se na própria natureza, com as aldeias dispostas em novelos de casas antigas, vigiadas nas encostas pelos pombais e nas hortas por elegantes picotas, que permanecem como testemunhos vivos de utilizações seculares. É aí que são preservadas tradições, usos e costumes únicos, como o artesanato executado por mãos sábias, a música com sonoridades que dão vontade de bailar, a língua mirandesa, que permanece como elo cúmplice entre avós e netos, a rica gastronomia que traz para a mesa os sabores do campo.
 
Para quem visita o território não faltam razões para deleite dos sentidos, em todas as estações do ano. Na primavera, os prados enchem-se de flores e do chilreio dos pássaros a celebrar o nascimento de aveludados burrancos. No verão ouvem-se as gaitas de foles e flautas de tamborileiro nas festas populares, zurros em veredas que exalam o cheiro do rosmaninho e do tomilho, o som de mergulhos em rios transparentes. O outono traz consigo a mudança de cores, solos cobertos de folhas e de cogumelos e animados magustos, enquanto no inverno o recolhimento à lareira é interrompido pelos mascarados que saem à rua por alturas do final do ano, para dar as boas-vindas a um novo ciclo.