AEPGA

 

Brigada Florestal Animal

A utilização de herbívoros no controlo de vegetação arbustiva com grande potencial inflamável tem sido utilizada com sucesso em vários pontos do país. Este método apresenta diversas vantagens relativamente ao corte mecânico. A pressão da herbivoria exercida por animais de grande porte, como os burros, conduz a uma redução substancial da massa vegetal no terreno, uma vez que a combinação do pisoteio com a ingestão dos rebentos na primavera diminui o crescimento da vegetação herbácea. É de salientar que, nos hábitos alimentares dos asininos, estão incluídos matos, como esteva, silvas, giestas e carqueja. Sendo esta a ingestão lenta e gradual tem grandes vantagens ecológicas, com efeitos positivos na fauna e na flora.
Outro factor de grande relevância prende-se com o facto desta intervenção ser possível em locais rochosos e inóspitos, de difícil acesso por meio mecânicos.
Com o objectivo de recuperar os usos tradicionais do solo, manter o mosaico agro-pastoril (promotor de biodiversidade e fonte de recursos para as comunidades rurais) e, simultaneamente, dar um novo uso ao gado asinino, fomentando o pastoreio do Burro de Miranda, a AEPGA desenvolveu o projeto “Brigada florestal animal”, numa área de matos, nas localidades de Talhas e Lagoa, no concelho de Macedo de Cavaleiros.
Este projeto insere-se num programa mais vasto, dinamizado pelo Grupo Nordeste - Plano de Redução de Risco de Incêndio, no âmbito das Medidas Compensatórias do Aproveitamento Hidroeléctrico do Baixo Sabor.
O desenvolvimento deste projeto foi também apoiado pela Associação de Solidariedade e Desenvolvimento Social através de mecenato, cujo gesto reconhecemos e agradecemos.
O primeiro passo para a introdução da burrada (grupo de burros) foi o desbaste e corte de matos com recurso a meios mecânicos. Concluída esta etapa, a área foi vedada com pastor eléctrico, tendo sido adquiridos dois colares GPS, que nos ajudarão a monitorizar o impacto dos animais na carga de combustível do terreno. Em paralelo, o equipamento também nos permite um controlo remoto da localização dos animais e aferir as suas funções vitais. De salientar que esta é uma ação inovadora na gestão e maneio de animais domésticos em regime extensivo.
Assim, em meados abril de 2020, seis machos castrados foram transportados para a área vedada, tendo sido feita a medição e o registo de diversos parâmetros, como a altura ao garrote, perímetro torácico, condição corporal e peso estimado. Esses parâmetros serão avaliados mensalmente, de forma a aferir o impacto que a ingestão da vegetação arbustiva tem na sua condição corporal e no seu estado sanitário.
Em breve, com a recolha de mais dados para análise, contamos dar conta do desenvolvimento deste projeto.