AEPGA

 

O testemunho de Diana Almeida, depois de uma semana de "Voluntaria-te"

 A Diana Almeida juntou-se a nós para uma semana de “Voluntaria-te” e não quis ir embora sem nos deixar o seu testemunho.

"Aguardava-me uma semana cheia de actividades e com algumas aventuras, sempre na companhia dos melhores amigos da AEPGA – os Burros. Eles, o principal foco de atenção de todas as pessoas que directa e indirectamente ali trabalham, são uns animais amorosos e que também adoram a nossa companhia.

Tirei uma semana de férias do meu trabalho de escritório (monótono) e fui rumo ao Planalto Mirandês, onde tudo é longe e perto ao mesmo tempo. 

O que me levou a participar nesta experiência foi saber que, tanto a nível pessoal como social, iria terminar esta semana muito mais rica. E sim, posso dizer que a minha alma está bem mais preenchida. 
Aliar esta experiência social à paixão por estes animais, ver tantos destes animais num só espaço, conhecer os lameiros dignos de paisagem de revistas que falam do paraíso…  foi muito enriquecedor. Já tenho saudades. 

A semana foi ocupada a tratar da alimentação dos Burros, dar-lhes banhos de água de tremoço para ver se os malditos parasitas deixam de os chatear de vez, fazer a limpeza dos espaços, os trabalhos de bricolage… e no meio destas tarefas muitos, muitos miminhos. 

O meu objectivo principal era saber como cuidar destes animais, desde a limpeza da “casa”, à alimentação, até aos cuidados com os cascos*, e outros cuidados de saúde que estes peludos têm de ter e, claro, dar muito carinho àqueles que o solicitavam e aos outros também 😊.    
 
As minhas expectativas eram ter uma experiência com os Burros, mas saí de Atenor também com uma sensação de gratidão enorme por todos aqueles que me acompanharam, os que conheci e que me ensinaram todos os dias um pouco de tudo no universo do Gado Asinino. 

Sou alguém que nasceu na cidade, com raízes no Portugal rural e talvez isso faça com que eu seja tão ligada emocionalmente a esses territórios. 

Sou Geógrafa de formação e toda a vida académica estudei os territórios e as suas dinâmicas. Ver que uma Associação pode ter um poder gigante na dinamização de uma comunidade tão envelhecida, ver que a AEPGA pode fazer diferença num território tão esquecido pelo resto do país, ver ainda que esses jovens estão tão bem integrados e foram tão bem acolhidos pelos naturais, dá-me esperança de que estes territórios sejam cada vez mais reconhecidos como um território de interesse e principalmente mais valorizados pela sua diversidade de experiências. A ruralidade não é, de todo, um conceito depreciativo.

Terminada esta semana, parti com o coração cheio de experiências e histórias para contar a quem deixei na cidade, com vontade de voltar. 

A AEPGA faz um trabalho fantástico com estes animais, cada um tem a sua dose de carinho, nenhum é esquecido. São pessoas espetaculares, que, se for necessário, deixam de dormir para vigiar uma futura mamã prestes a parir. Todas estas pessoas têm um coração enorme e uma forte vontade de preservar o Burro de Miranda. 

Chega-se a Atenor e sente-se empatia. Por falar em empatia, uma vez ouvi que a empatia é como se fosse um sexto sentido, é uma forma de comunicação bastante sofisticada que nos permite sentir o que as outras pessoas sentem. É uma emoção que nos liga aos outros e nos faz sentir parte de algo. Em inglês há uma boa expressão para nos referirmos à empatia: Put yourself in somenone’s shoes – “colocarmo-nos nos sapatos de outra pessoa” que é como quem diz colocarmo-nos na pele do outro, que é como quem diz, viver o que a outra pessoa vive, para tentar entender o que sente. E foi isto que tentei fazer na minha semana com a AEPGA – colocar-me nos sapatos das pessoas da AEPGA. 

Só tenho a agradecer esta oportunidade.    

*Sobre os cascos, gostaria de ter tido mais oportunidades para saber um pouco mais: tratamentos e manutenção. Mas… uma semana é muito pouco para tanto que há para aprender. Numa próxima visita talvez :)