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Pastagem permanente biodiversa
Nos últimos meses, a AEPGA tem vindo a implementar uma pastagem permanente biodiversa na aldeia de S. Joanico, concelho de Vimioso. Desenvolvidas durante os anos 70 pelo Engº David Crespo, este tipo de pastagens distinguem-se das pastagens convencionais por se fazer uso da diversidade e complementaridade das espécies de plantas de forma a aumentar a produção vegetal. Nestes casos, na instalação são introduzidas sementes melhoradas e selecionadas de forma a obter uma maior produtividade e longevidade do que as existentes previamente nos sistemas. O grande número e variedade de sementes asseguram uma ampla gama de material genético originando uma maior adaptação a variações microtopográficas e variações climáticas anuais, proporcionando igualmente uma maior resistência a factores ambientais e a uma maior capacidade fotossintética.
Considera-se que as pastagens ricas em leguminosas promovem a formação de solo, aumentam a produtividade, qualidade e estabilidade. O aumento de produtividade da terra, conseguida pela reposição do azoto por uma leguminosa pratense (por ex., trevo, ervilhaca, favas, tremoço e alfafa), além de fornecer mais alimento para os animais, gera um acréscimo de matéria orgânica no solo, tornando os terrenos mais férteis, mais ricos em nutrientes, com maior capacidade de retenção de água e menos suscetíveis à erosão. Daí se conclui que as pastagens semeadas biodiversas permitem aperfeiçoar o desempenho económico e ambiental das explorações agrícolas, sendo ideais para regiões onde se verifica maior abandono rural e desertificação. Para esse fim é fundamental um conhecimento profundo da bioecologia das pastagens, trabalhando preferencialmente com espécies autóctones adaptadas ao nosso clima, melhor adaptadas aos regimes de seca severa cada vez mais frequentes.
É também fundamental o pastoreio, como clarifica o botânico Carlos Aguiar, no Trifolia nº 5: “Os sistemas de agricultura extensivos do futuro terão, obrigatoriamente, que incluir leguminosas pratenses e uma componente animal que as ingira e digira, i.e., terão de retomar a ligação ancestral entre a agricultura e a pecuária, sobre a qual foi gerida a fertilidade da terra durante milhares de anos.”