AEPGA

 

Trabalho de Campo leva veterinárias a Castro Daire, Vila Real e Lamego

Nos dias 14, 15 e 16 de fevereiro, as veterinárias Belén Leiva e Zélia Cruz avaliaram 46 burros dos concelhos de Castro Daire, Vila Real e Lamego.  

Como habitual, nestas visitas não só foi feito o acompanhamento da saúde e bem-estar dos burros, como também foi dado aconselhamento aos seus donos para as melhores práticas de maneio. 

Durante a visita, as veterinárias tiveram a oportunidade de conhecer melhor o Sr. Alexandre Silva, criador de 3 Burras de Miranda e respetivas crias, em Parada de Ester, concelho de Castro Daire. Partilhamos aqui a sua visão sobre a criação de Burros de Miranda e uma história curiosa que ficámos a conhecer durante a entrevista.

______

Alexandre Herculano Pinto da Silva

- O que é que o intriga mais nos burros que ainda não sabe, mas que gostaria de saber?

O que mais me intriga em relação aos burros é o próprio nome, porque se dá a expressão de burro a alguém que demonstra falta de inteligência. Sabendo eu e todos os criadores que muitas vezes é uma ofensa ao animal. Pois são animais bastante inteligentes.  

- Porque é que pensou ter burros?

Tenho burros porque são animais extremamente dóceis e de que particularmente gosto muito.  Além de me apegar muito aos meus animais, o facto de não haver por cá o consumo de carne de burro, faz com que possa proporcionar-lhes uma vida feliz sem segundas intenções! E também por serem animais em vias de extinção. 

- O que é que gosta mais no(s) seu(s) animal(is)?

Gosto que sejam tão dóceis, com um passado de tanto trabalho. 

- Já ouviu falar no bem-estar animal? Se sim, o que significa para si?

Eu sou um grande defensor do bem-estar animal, portanto sei o que significa. Para mim, é extremamente importante que os animais se sintam confortáveis e tenham as condições adequadas para uma qualidade de vida saudável e feliz. 

- Antigamente, os burros eram utilizados pelos almocreves para transportarem mercadorias e venderem bens entre distâncias longas. Recorda-se de alguma história engraçada/curiosa que envolva burros e almocreves?

Eu pessoalmente, não. Lembro-me só de um ferreiro vizinho que tinha um burro, pois sou relativamente jovem. Mas sei de algumas histórias de almocreves que transportavam o minério (volfrâmio) das minas da  região para as cidades, na época da segunda grande guerra, e até bem mais tarde como transporte de diversos bens. 

- Conviveu com burros na infância? Que memórias tem? Tem alguma história que gostasse de partilhar?

Como referi anteriormente, tinha um vizinho que era ferreiro e tinha um burro. Sei que era bastante pequeno quando ele faleceu e recordo-me que foram os meus pais que tomaram conta do burro, que eu adorava montar. Lembro-me que não queria sair de cima dele, até quando o animal ia beber. O problema é que o bebedouro era baixo e, uma vez, quando o animal se baixou  eu cai no bebedouro. 

- Considera o(s) seu(s) animal(is) inteligente(s)? Se sim, assistiu a algum comportamento que o levou a pensar isso? Qual?

Eu considero os meus animais muito inteligentes. Já assisti a vários episódios em que eles  demonstram ser inteligentes, como o facto de aprenderem muito rápido os percursos e caminhos que levam aos vários pastos. Mas o que mais me marcou foi a capacidade que eles têm em abrir os portões do curral e especialmente o da forragem. 

______

A equipa da AEPGA agradece ao Sr. Alexandre a generosidade da partilha e a todos os outros criadores incluídos nesta visita a confiança que depositam em nós. É com muito agrado que encontramos cada vez mais jovens criadores com interesse em terem burros e em mantê-los bem cuidados. 

Caso pretenda receber uma visita dos técnicos da AEPGA, por favor preencha o formulário.

(Ilustração Luís Simões)