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A visita dos amigos da Jó!
Os animais que chegam ao Centro de Acolhimento do Burro (CAB) trazem no seu "alforje de vivências" muitas histórias de vida, escritas ao longo de diferentes percursos que, de algum modo, os conduziram até este abrigo. Para trás ficam pessoas e muitos momentos partilhados com elas. A ligação com os donos é sempre especial, e por isso mesmo, quando esta relação é forte e positiva, o reencontro é algo feliz para ambas as partes.
No dia 15 de setembro, recebemos a visita de Marília Magalhães e José Martins, os antigos donos da Jó. Jó nem sempre foi o nome desta burrinha. Por vezes apelidada de Lucrécia, o seu nome "de batismo" era Joaninha, mas ao chegar ao CAB, como vinha de uma aldeia de Alijó, foi assim reapelidada. A Jó ficou aos cuidados de Marília, depois de mais de 10 anos a viver com o seu pai na aldeia de Castanheiro. Contudo, com uma vida dividida entre o Luxemburgo e Portugal, era muito difícil para Marília continuar a cuidar da burrica. Foi esse o motivo de contacto com a AEPGA e do pedido para a recebermos no CAB.
De passagem pelo planalto mirandês, e aproveitando as férias da filha vinda do Luxemburgo, Marília e José fizeram questão de visitar a Jó... ou Joaninha, como assim se lhes escapa o chamamento. “Será que ela nos vai reconhecer? Da última vez sim, arrebitou logo as orelhas quando nos ouviu!”, comentavam antecipando o momento do encontro. Esta foi já a segunda vez que a vieram visitar, pois não são de deixar as saudades durarem muito.
“Um dia andei a deitar uns produtos nos terrenos, e fiquei a sentir-me mal, muito mal. Estava meio intoxicado com aquele veneno, e encostei-me debaixo de uma árvore. A burrinha deu por isso, viu-me ali com náuseas e veio ter comigo. Chegou-se a mim e encostou o focinho à minha cara. E ali ficou todo o tempo, sem sair dali, até que eu me sentisse melhor. Fiquei emocionado.”, contou o José. “Foi um momento que nunca esqueci.”.
Descobrimos que a Jó convivia na sua curriça com duas ovelhas e uns cordeirinhos, e que gostava muito da companhia deles. Soubemos também, que era esperta e sabia abrir a porta com os lábios. Quando escapava deixava-se quase quase apanhar... Até que no quase... Patas para que te quero! Fugia e obrigava a mais umas voltas até a conseguirem agarrar.
O encontro foi durante a hora de almoço da Jó, enquanto ela se deliciava com o feno! “Que bonita está assim escovadinha. Está gordinha!”, disse Marília. E enquanto lhe coçavam o pescoço, também este gordinho, comentavam com graça: “O pescoço está igualzinho!”.
Seguiram-se muitas festas e carinhos e algumas fotografias que recordarão o momento. A família seguiu viagem de coração satisfeito, e a Jó continuou calmamente a sua refeição lado a lado com outros companheiros burricos.
Muito agradecemos à Marília Magalhães, ao José Martins, à Carina Martins e ao Eric Weishaar pela calorosa e alegre visita à Jó.
Temos a certeza que outras se seguirão. Assim, até breve!