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O bem-estar de um animal passa essencialmente pelo respeito pelas características da sua espécie e pela manutenção da sua saúde física e mental. Os burros são animais resistentes e bem-adaptados à vida em climas quentes e ambientes inóspitos. Esta espécie desenvolveu um caráter estoico, que advém da necessidade evolutiva de evitar a demonstração de sofrimento na natureza, de modo a não se mostrar como um animal vulnerável perante os predadores. Daí ser importante conhecer os seus comportamentos específicos, para que, com um olhar atento, seja mais fácil detetar qualquer sinal de dor ou desconforto que possa indicar necessidade de intervenção.

Um burro saudável e feliz movimenta-se com facilidade, tem as orelhas ativas, o olhar vivo e interage com o meio que o rodeia. Deita-se para espojar e é capaz de se levantar sozinho. Deve ter sempre à sua disposição água e alimento de qualidade (palha/feno) e um bloco de sais minerais, sendo expectável que passe a maior parte do dia a comer e a pastar. Assim, alguns sinais principais de alerta são a perda de apetite, as orelhas baixas, a relutância em movimentar-se, a incapacidade de se levantar sem ajuda, ou o facto de estar permanentemente deitado.

As condições mínimas para possuir um destes animais correspondem a uma pastagem de, pelo menos, meio hectare (por animal) e a um abrigo, onde o burro e o seu alimento possam estar resguardados, principalmente durante o inverno. A zona coberta deve ser bem arejada, embora seja fundamental proteger o animal de correntes de ar e da chuva. É igualmente importante que o abrigo seja limpo com frequência, retirando o estrume acumulado, fator importante para a manutenção de um ambiente higiénico, que previna o aparecimento de doenças. O chão deve ter boa drenagem e aderência. Outro aspeto a ter em conta é a natureza do burro como animal gregário, razão porque não deve ser mantido sozinho. É sempre preferível juntar pelo menos dois animais (duas fêmeas, uma fêmea e um macho, ou dois machos castrados). Caso tal não seja possível, poderá ter a companhia de um animal de outra espécie: um cavalo, cabra, ovelha ou cão, por exemplo.

Os asininos vivem cerca de 15 anos no meio selvagem e uma média de 30 a 35 anos como animal de companhia. Estes animais são considerados adultos quando atingem a idade dos 3 anos, sendo considerados idosos sensivelmente aos 20 anos. Embora cada faixa etária requeira algumas atenções específicas, há cuidados transversais a qualquer idade que é necessário assegurar, como a manutenção da saúde da pele/pelo, dos cascos e dos dentes.

A escovagem é um momento que deve fazer parte da rotina diária. Não só é um tempo de descontração e de ligação entre burro e tratador, como é uma altura importante para a inspeção pormenorizada da pele, procurando parasitas externos (piolhos, carraças…) ou feridas que possam estar escondidas pelo pelo. Os cascos devem ser limpos várias vezes por semana, procurando retirar as pedras que ficaram presas. O aparo deve ser feito por um ferrador, a cada 2 ou 3 meses. Uma atenção especial deve ser dada à boca do animal. Os dentes dos burros estão em constante erupção ao longo de toda a vida, precisando de uma inspeção atenta e regular de um médico dentista, a fim de prevenir problemas dolorosos e progressivos que não são facilmente visíveis pelos criadores. A vacinação anual, bem como a desparasitação interna e externa, devem estar sempre em dia.

Os limites das capacidades físicas do burro devem ser sempre respeitados. Assim, nenhum animal jovem, com menos de 4 anos, deve ser montado ou carregado, uma vez que o seu esqueleto se encontra ainda em desenvolvimento. O limite máximo do peso da carga é de 1/3 do peso do animal, mas este deve diminuir com o aumento dos seguintes fatores: a idade do animal, a distância e a dificuldade do percurso.