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E se os burros conseguirem prever o estado do tempo?
As previsões meteorológicas não são um privilégio que nos foi atribuído pela tecnologia. Na verdade, desde tempos remotos, as comunidades indígenas e rurais apoiam-se na observação dos padrões da Natureza, que lhes permitem antecipar com fiabilidade o estado do tempo no futuro. Além da observação da lua e das nuvens, o comportamento dos animais selvagens e domésticos tem sido um dos indicadores mais seguros destas previsões populares. Exemplo paradigmático desta sabedoria ancestral está vertido no famoso provérbio “Gaivotas em terra, tempestade no mar”.
Apesar de existir uma relevante evidência empírica sobre a forma como os burros nos podem informar acerca de muitas variáveis ambientais, como sejam a pluviosidade, vento e temperatura, apenas em 2018 se realizou o primeiro ensaio científico sobre esta temática. Francisco Javier Navas González e os seus colegas, pretendiam investigar se o comportamento e capacidade cognitiva dos burros se relacionava com as fases da Lua e com as mudanças no estado do tempo.
Os resultados obtidos foram muito interessantes e sugerem uma potencial correlação entre a fase da lua no dia do nascimento e o comportamento, disposição e capacidade cognitiva dos animais, não só nos momentos e dias que se seguem ao parto, como também durante as suas vidas futuras.
Outro resultado obtido corroborou linhas de investigação anteriores que demonstraram que o reportório comportamental dos burros está intimamente ligado às estações do ano. Condições difíceis e desagradáveis da perspectiva dos burros, como sejam temperaturas muito altas ou muito baixas, ou níveis elevados de humidade, podem traduzir-se num estado hiporreativo, em comportamentos de rejeição e medo, e na falta de vontade de cooperar com os seres humanos.
Outro resultado curioso, foi que, à semelhança dos seres humanos, a maioria dos burros não aprecia ser molhado pela chuva, e este estudo confirma que de facto são bons preditores no que toca à pluviosidade.
Em jeito de remate, os autores concluem que:
- As condições ambientais, a estação do ano, e as fases do ciclo da lua, são potenciais fatores de stress ou moduladores que afetam o comportamento e as respostas cognitivas dos burros, e podem perdurar por longos períodos de tempo;
- Os desvios nos padrões de comportamento e capacidade cognitiva para realizar tarefas são bons indicadores do estado de bem-estar dos burros;
- O seu comportamento é uma ferramenta relevante para futuras previsões do estado do tempo.
Se da próxima vez que interagir com o seu burro, ele não cooperar, lembre-se, pode ser só uma questão de mau temp(erament)o.