AEPGA

Caminhada Interpretativa da Natureza e da Paisagem

15 e 16 de Novembro de 2024

 

Seminário, dia 15 de Novembro:

Local do seminário:
Mini-auditório de Miranda do Douro. Localização

Oradores e Temas:


José Delgado, Universidad Nacional de Educación a Distancia (UNED)

“Evolução das paisagens da região das Arribas do Duero”

A configuração fisiográfica de um território é determinada pelas suas singularidades abióticas e bióticas e pelos diferentes processos de adaptabilidade humana levados a cabo ao longo do tempo. Em alguns casos, e devido ao carácter excecional de um território em risco de deterioração dos seus valores culturais, patrimoniais ou naturais que o tornam único, é necessário estabelecer medidas de conservação, como é o caso das Arribas do Douro. O acentuado encravamento fluvial exercido sobre os materiais duros do Paleozóico, o desenvolvimento da geoforma da arriba e o microclima que lhe está associado, favoreceram o povoamento e a presença de espécies animais e vegetais anómalas para estas latitudes, bem como a presença de um rico legado cultural, todos eles em risco de deterioração, devido ao abandono e envelhecimento demográfico, à redução da atividade humana, à proliferação descontrolada de espécies naturais espontâneas e, consequentemente, ao aumento do risco de propagação de incêndios, deslizamentos de terras, desabamentos, etc.
Conhecer a realidade passada, presente e futura deste território, através de um estudo de caso e da aplicação de metodologias e ferramentas geográficas, é um verdadeiro instrumento de gestão territorial que ajuda a promover uma correta política de desenvolvimento rural.


Mónica Salgado, Município de Miranda do Douro

"Arqueologia da Paisagem: materialidades e imaterialidades na construção da memória identitária"
A paisagem territorial sempre definiu o modo como o ser humano age, seja ocupando esse espaço permanente ou sazonalmente, de acordo com os recursos naturais e a topografia existente.  Ao longo do tempo, a paisagem é modificada e as materialidades dessa mudança permanecem, muitas vezes, nem que seja apenas pela memória oral de determinado povo. No planalto mirandês são vários os sítios arqueológicos e as alterações paisagísticas que nos remetem para tempos longínquos e que demarcam a sua história.  Antes dos Zoelae, o território evidencia marcas de ocupação atestadas sobretudo pelo aparecimento de arte rupestre. Posteriormente, o povo proto-histórico denominado Zoelas (Zoelae) controlava um vasto território onde se incluía o planalto mirandês. Os romanos aproximam-se no século I a.C. e subjugam esta comunidade. Na historiografia antiga os povoados fortificados são praticamente todos romanizados. Nas recentes investigações arqueológicas realizadas no Castro S. João das Arribas, esta teoria carece de dados concretos, pois o sistema defensivo pré-existente baliza-se no Século V, aquando da invasão dos visigodos e a ocupação do espaço apresenta uma barreira cronológica compreendida entre os séculos III ao IX d. C. Desconhecia-se a ocupação do espaço na Antiguidade Tardia e Alta Idade Média, ocupação esta bem patente nos vestígios materiais identificados e exumados. No que concerne a uma posse anterior do espaço, apenas é atestada por ecos de materialidades sem contexto definido.
Nestes últimos anos, foram inclusive, realizadas escavações arqueológicas em Picote, em Vilarinho dos Galegos e na vizinha Espanha, com evidências arqueológicas que permitem estabelecer paralelos e escrever e /ou reescrever a história do povo e da paisagem.
A paisagem como fonte de saber e de se deixar ler na construção da memória de uma identidade única.


Alcides Meirinhos e Suzana Ruano, La Associaçon de Lhéngua i Cultura Mirandesa (ALCM)

"L Termo i ls Chamadeiros - ua maneira de mirar pal Praino
L Termo i ls Chamadeiros - ua maneira de mirar pal Praino
Quando chubes a un cabeço arrodeando malhadas, touçones i carrascales ou quando caminas por caleijas, rodeiras, ourrietas, faceiras i lhinares, stás a sorber un saber que speilha esses termos por bias de ls chamadeiros que até nós chegórun.
L Praino mágico queda nua ancruzelhada, apuis de la rebuolta de l carreiron, nas lhastras que son álas de parede. Cumo diç l poeta: “ls segredos nun s’assóman a la strada”. Mas nós amostramos-te dalguns porque ls chamadeiros mos los dízen. Astrebes-te a çcubri-los?


O Termo e a toponímia - uma forma de olhar o Planalto
Quando sobes a um outeiro por entre malhadas, carvalhais e um azinhal ou quando caminhas pelas veredas, ourretas faceiras e linhares, estás a beber um saber que espelha esses termos em virtude da toponímia que chegou até nós.
O Planalto mágico fica numa encruzilhada, depois da curva do carreiro, nas lajes que são capas de muro. Como diz o poeta: “Os segredos não se assomam à estrada”. Mas nós mostramos-te alguns porque é a toponímia que no-lo diz.
Atreves-te a descobri-los?

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Caminhada, dia 16 de Novembro:

A caminhada tem a distância de cerca de 4km, de pouca dificuldade. A organização aconselha o uso de calçado e roupa confortável, própria para caminhar, lanche para o meio da manhã e água. Um impermeável pode ajudar se o tempo estiver de chuva. 

A caminhada é gratuita mas de inscrição obrigatória. Faça a sua inscrição aqui.

Local do início da caminhada:
Ponto de encontro junto ao Salão do Povo na aldeia de Pena Branca, Miranda do Douro. Localização

Espetáculo “ALEXANDRIA no Planalto”:
Alexandria é uma performance improvisada de teatro, música e oralidade. Junta Alexandre Sá e Kiko Rurelas, respetivamente ator e músico, improvisadores do coletivo de improvisação Ervilha no Topo do Bolo, numa viagem pela imaginação e pela liberdade. Ao longo da caminhada no planalto mirandês ALEXANDRIA apresenta-se em três locais diferentes. Em cada um deles, músico e ator, improvisarão histórias inspiradas pela paisagem, pelas pessoas e pelos diferentes motes lançados pelo público. Por isso mesmo, essas histórias nunca foram antes contadas e nunca serão contadas depois.

Coletivo Ervilha no Topo do Bolo:
Os Ervilha no Topo do Bolo são um Coletivo de Improviso estreado em 2020 no Porto. O seu trabalho é focado na investigação da criação em tempo real. Composto por quatro improvisadores e uma produtora, programam espetáculos de improviso regulares no Norte do país. Integraram o Festival Alavanca 2021 e a 19ª Feira de Teatro de Mosteiró. São o polo de Improviso português na Competição de Impro Galego-Portuguesa IMPRÓMAXIN. Participaram na construção do espetáculo "Terror e Miséria na Queda da Democracia". Desenvolveram um programa de formação comunitária "BonfImproviso " e a oficina “Sem Rédeas” no âmbito do projeto CAPACITARTE. Ocuparam o LUGAR, dos Palmilha Dentada numa temporada de cinco meses. No último trimestre de 2022 levaram regularmente a Impro a Vila do Conde. Como missão têm a vontade indómita de desbravar caminho, dando corpo e voz ao tão silenciado espetáculo de improviso.

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Contactos:
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