Integrado na Feira da Castanha de Tendais, no concelho de Cinfães, e organizado pela Associação de Defesa e Promoção da Freguesia de Tendais, com a colaboração da AEPGA, da Binaural Nodar - Associação Cultural, da Palombar e do Projeto LIFE SOS Pygargus, irá realizar um encontro e debate que propõe uma reflexão conjunta sobre o passado, o presente e o futuro dos baldios.

Os terrenos baldios são espaços comunitários pertencentes às populações locais, tradicionalmente usados para o pastoreio, recolha de lenha e outras atividades de subsistência. Durante o Estado Novo, muitos destes terrenos foram apropriados pelo Estado e sujeitos a grandes campanhas de florestação, o que gerou fortes conflitos com as comunidades rurais que deles dependiam. Após o 25 de Abril, com a aprovação da Lei dos Baldios de 1976, as populações reconquistaram o direito de gerir coletivamente estas áreas.

Contudo, atualmente os terrenos baldios enfrentam novos desafios. O despovoamento e o envelhecimento das comunidades rurais levaram ao abandono de diversas áreas, com a diminuição da pastorícia e das práticas tradicionais de manejo que garantiam o equilíbrio ecológico. Em muitas zonas, os baldios foram ocupados por torres eólicas ou outras infraestruturas, gerando receitas que, nem sempre, se traduzem em investimento sustentável. Apesar disso, os baldios continuam a representar um património coletivo com enorme potencial. São espaços estratégicos para a conservação da natureza, o combate aos incêndios, a fixação de populações e a promoção de modelos de economia local baseados em serviços de ecossistema e gestão comunitária.

O encontro pretende apresentar casos de estudos e ideias para uma transição sustentável destes terrenos, criando um debate que pretende valorizá-los enquanto espaços de produção e conservação, refletindo sobre o papel e o futuro destes territórios comunitários. Esta transição inclui dimensões de proteção e valorização ambiental, de dinamização cultural e de exploração criativa do património. Os baldios podem ser o ponto de partida para uma paisagem e modelos produtivos mais diversificados, que integrem pastoreio extensivo, regeneração natural e novas formas de cultivo. A paisagem gerida pelos baldios é também um património sensorial, vivo e expressivo, que pode ser documentado e reinterpretado através da arte e da investigação.

O encontro, a decorrer no dia 8 de Novembro de 2025, resulta da colaboração entre diferentes parceiros locais, culturais e científicos, sublinhando a importância de uma abordagem multidisciplinar para repensar o futuro dos baldios.

Esta é a primeira de várias iniciativas que pretendem abrir novas perspetivas sobre o território comum. A iniciativa, ligada também ao Projeto Europa Criativa Rede Tramontana, marca o início de um ciclo de encontros que cruzam natureza, cultura e inovação nas montanhas do interior.

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