AEPGA

Seminário - Por detrás da Máscara: Património Cultural Imaterial desde a Raia

20 de janeiro de 2025

 

Seminário, dia 20 de janeiro de 2025

Local do seminário:
Mini-auditório municipal de Miranda do Douro. Localização
Para aqueles que não tiverem oportunidade de participar presencialmente, o evento terá também transmissão online. Deverá inscrever-se para receber o respetivo link.

Participação:
A participação no evento é gratuita mas de inscrição obrigatória, quer para parricipação presencial quer online. Faça a sua inscrição aqui.

O evento não assegura a deslocação aos pontos de visita incluídos no programa para o período da tarde, sendo esta responsabilidade dos participantes, que deverão efetuar o trajeto em viatura própria.

-----------------------------------------

Resumo das Palestras:


"Dimensões culturais da patrimonialização dos rituais festivos na Raya"
Arsenio Dacosta - Universidade de Salamanca

A raya hispano-portuguesa é particularmente rica em manifestações rituais, tanto de caráter religioso como profano. Entre elas, destacam-se, pela sua originalidade, as festas de inverno, outrora muito difundidas por toda a Europa, mas preservadas no noroeste peninsular (Galiza, Zamora, Trás-os-Montes), possivelmente devido ao isolamento secular desta região. Nos últimos anos, têm ocorrido processos de revitalização e recuperação de algumas destas festas, alcançando, em certos casos, classificações patrimoniais e/ou promoção turística por parte de governos nacionais e regionais e, em alguns casos, até da UNESCO. Nesta apresentação, serão abrdadas algumas linhas gerais sobre esses processos nos últimos anos, procurando confrontar a evolução destas festas com conceitos como tradição, património, identidade ou autenticidade, frequentemente evocados na descrição dessas celebrações.


“Colecionismo, mercado e patrimonialização dos artefactos Iny-Karajá”
Andreia Martins Torres, Universidade de Salamanca

Esta palestra explora as práticas de recolha de objetos Iny-Karajá desde o início do século XX até à atualidade, examinando a sua relação com dinâmicas políticas, diplomacia cultural e processos de valorização patrimonial que afetam significativamente as comunidades indígenas. O estudo inicia-se com a análise do impacto da ditadura de Getúlio Vargas e do seu projeto de colonização do interior do Brasil, conhecido como a "Marcha para o Oeste", período em que este povo passou a representar, para muitos curiosos e académicos nacionais e estrangeiros, o primeiro contacto com os mundos indígenas da Amazónia brasileira. Em seguida, abordar-se-á a evolução dos processos contemporâneos de patrimonialização, apoiados por entidades nacionais e desenvolvidos em colaboração com antropólogos, com destaque para as mudanças nas dinâmicas de comercialização das bonecas Karajá. Por fim, a comunicação suscita a reflexão sobre os desafios atuais para a preservação dos saberes indígenas, condicionados pelo impacto das alterações climáticas, pela expansão urbana e pela pressão do agronegócio sobre os territórios tradicionais deste povo.


“Carnaval de Podence: do que falar depois da UNESCO”
Patrícia Cordeiro, MORE CoLAB – Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação

A 12 de dezembro de 2019, o Carnaval dos Caretos de Podence foi integrado na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco. Além de um antes e de um depois, há um percurso de quatro décadas que conduzem a um conjunto de questões sobre as quais é importante refletir hoje. Dos aspetos relacionados com a musealização do património cultural imaterial aos diálogos internos de uma comunidade contemporânea sobre as suas tradições, ao turismo e à economia cultural, ao mediatismo e ao marketing territorial, muito há de que falar depois da Unesco.


“Roubo de património cultural tangível / intangível (máscaras sagradas), nos Himalaias indianos”
Vitor da Silva, Etnógrafo


O etnógrafo Vítor da Silva (@ethnopoet) aborda o fenómeno do roubo de máscaras sagradas numa aldeia remota dos Himalaias, explorando os impactos devastadores para as comunidades locais. Essas máscaras, essenciais para os seus rituais de sagrados, carregam significados profundos ligados à identidade, mitologia e espiritualidade de um povo. No entanto, muitas foram roubadas e vendidas no mercado internacional de arte, transformando-se em mercadorias nas mãos de colecionadores e museus. Essa perda material e simbólica tem gerado luto coletivo, ruptura na transmissão de saberes ancestrais e dificuldades em manter a sua cultura viva. O seminário questiona os limites éticos do mercado de arte global, o direito das comunidades sobre seus patrimónios culturais e as formas de combater a mercantilização do sagrado.

---------------------------------------------

Contactos:
Caso tenha alguma dúvida, não hesite em contactar através do e-mail aepga@aepga.pt ou dos contactos 273739307 ou 925790397.