AEPGA

 

Apesar de o Burro de Miranda não estar ainda fora de risco a longo-prazo, fazemos um balanço muito positivo. Houve um aumento significativo dos nascimentos (de 10 em 2002 para cerca de 110 em 2017), são muitos os novos proprietários (não só dentro do solar da raça, mas também fora), e que geralmente dão vida aos novos usos destes animais, associados ao turismo de natureza, às atividades assistidas por burros e à educação. A cada ano, temos vindo a conseguir prestar apoio veterinário a mais animais, sensibilizando assim os criadores para a importância da garantia do seu bem-estar. Acima de tudo, notamos uma grande diferença na atitude geral face ao burro, que é cada vez mais olhado com carinho e respeito, o que nos leva a crer que o esforço que temos vindo a fazer para dignificar este animal tem tido bons resultados.

Ou seja, a situação continua a ser de fragilidade. E por consequência, para a AEPGA, enquanto responsável pela gestão do livro genealógico da raça, um imenso desafio. O maior será, porventura, conseguir um equilíbrio entre o número de nascimentos – à partida, do ponto de vista da conservação da raça, quantos mais melhor - e a garantia de que estes burros terão qualidade de vida – o que poderá ser posto em causa se existirem mais animais do que proprietários interessados. De facto, e de acordo com a tal intervenção holística que temos procurado, acreditamos ser essencial incitar o surgimento de novos e jovens criadores, que reinventem ou criem novos significados para o burro, numa relação profícua para ambos, não dependente de subsídios ou projetos de produção intensiva e desumanizada que ponham em causa o bem-estar animal. É também nesta reinvenção desta relação milenar de simbiose entre o criador e o seu animal que estará a salvaguarda da manutenção deste recurso.