
AEPGA • Boletim Informativo • Alforjica nr 11 | 2018
O Burro de Miranda é indissociável do Planalto Mirandês: foi moldado pelo seu clima, de grandes amplitudes térmicas, pela geografia e pelos tipos de práticas agrícolas ali desenvolvidas. Em paralelo, a existência destes animais, como companheiros de trabalho e do quotidiano, acabou por influenciar a cultura, entranhando-se no modo de vida, na língua, na música, nos usos e tradições, nas memórias de infância. É por esse motivo que a preservação dos burros tem impacto no mundo rural e age como uma forma de evitar o despovoamento, mantendo os ofícios tradicionais associados aos asininos – como ferradores e albadeiros -, os mercados e festas religiosas, servindo como íman para visitantes que trazem animação e fomentam a economia. É essa íntima ligação que desenvolvemos na Alforjica de 2018, onde se fala sobre o projeto Zbio, a revitalização da Festa da Nossa Senhora do Naso, as experiências dos nossos estagiários e de quem participou nos eventos que organizámos.
Como sempre, neste exemplar também demos conta dos nascimentos do ano anterior e das aventuras dos nossos burricos da Campanha de Apadrinhamento.
Investigador em genética populacional e evolução no CIBIO-InBIO (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto), em 2017 Albano Beja-Pereira liderou a equipa que sequenciou o genoma completo do Burro, a partir de uma amostra de sangue de um exemplar da raça asinina de Miranda. Na entrevista que deu para este número da Alforjica fala na importância dessa descoberta para a espécie asinina e para estudos genéticos posteriores, que poderão explicar diferenças entre raças a uma escala global.