
AEPGA • Boletim Informativo • Alforjica nr 8 | 2014
Em finais de 2014, no nosso Boletim Anual nr. 8 demonstrávamos a preocupação pela forma como os burros estavam a ser utilizados, já não apenas como animais de carga mas em atividades turísticas onde, frequentemente, a sua utilização estava de longe de ter em conta o seu bem-estar: passeios tipo carrossel curtos e monótonos, ausência de períodos de descanso, com selas e arreios inadequados. Felizmente, nos últimos anos houve uma maior consciencialização dos direitos dos animais e até na ilha grega de Santorini, exemplo dado no editoral desse número, a situação estava já a mudar.
É sobre novas funções dadas aos burros – nomeadamente no mundo das artes - que se debruçam outros artigos, como a colaboração com a companhia de teatro Rei sem Roupa e a Compagnie Isaurel, de dança, circo e música, uma espécie de novos saltimbancos que nesse ano percorreram as aldeias do Planalto Mirandês.
No mesmo número destacamos ainda o Campo de Trabalho Internacional, dedicado à construção de um muro de pedra no Centro de Valorização do Burro de Miranda (CVBM), e à Feira do Naso, revitalizada em 2002, depois de ter estado desativada durante muitos anos.
Neste número publicámos ainda uma entrevista com Carlos Aguiar, professor de Botânica e História Ambiental no Instituto Politécnico de Bragança (IPB), a propósito do trabalho de investigação que este vinha a desenvolver no Planalto Mirandês. Ali se fala da importância do Burro de Miranda para a manutenção de ecossistemas, nomeadamente dos lameiros, e da sua ação positiva na biodiversidade, assim como no impacto que o declínio do seu uso teve na memória de saberes agrícolas.
Um outro artigo debruça-se sobre o acompanhamento das burras prenhas e das suas crias. O resultado de todos estes cuidados foi o nascimento, em 2014, de 15 burrancos.